Presidente do STF bateu de frente com a PF e foi acusado de beneficiar presos poderosos. Ele foi elogiado pelo trabalho à frente do tribunal pelos colegas
Os dois anos do mandato de Mendes no Supremo foram marcados por sua constante participação em debates políticos polêmicos que, por vezes, nada tinham a ver com o Judiciário. Por esse comportamento, o ministro recebeu muitas críticas, tanto de juízes como de pessoas de outros poderes. Re centemente, por exemplo, ao rebater uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reclamava das multas recebidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ouviu do assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que deveria “falar mais nos autos e menos nos microfones”.
A atuação do ministro, porém, foi motivo de elogios na sessão de ontem do Supremo. Pouco antes de encerrar a sessão, o ministro Celso de Mello pediu a palavra e afirmou que o colega teve uma “significativa importância” para o fortalecimento das instituições brasileiras e uma “atuação firme e enérgica, competente e eficiente na presidência do Supremo Tribunal Federal”.
Já Eros Grau disse admirar a forma como Mendes conduziu o tribunal. “Não apenas o jurista, mas o homem que tem a independência e a coragem suficientes para cumprir seu dever”, afirmou ele.
Os elogios dos ministros foram seguidos pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que preferiu concentrar os feitos de Mendes à frente do CNJ. “Quero destacar a importância do papel desempenhado por vossa excelência à frente do CNJ, que tem prestado relevantíssimos serviços ao país no exercício firme do controle externo do Judiciário”, disse Gurgel.
Mudanças
A mudança no comando da Corte será marcada principalmente pela discrição: ao contrário de seu antecessor, Cezar Peluso é avesso a entrevistas, não gosta de expressar sua opinião sobre temas diversos em público e não se envolve em bate-bocas. “Um juiz não deve dar opinião sobre tudo”, costuma dizer o próximo presidente do STF.
Em sua última sessão como presidente do Supremo, Mendes ressaltou ontem os desafios que considera que o sucessor terá à frente do cargo.
Na avaliação dele, um dos principais problemas de Peluso será diminuir o número de processos em tramitação em todo o país. Segundo Mendes, a nova edição da pesquisa Justiça em Números irá mostrar que em 2009 tramitaram no país, pelo menos, 80 milhões de processos, 10 milhões a mais que em 2008.
“Isso revela a dependência da sociedade brasileira em relação ao Judiciário. Estamos trabalhando no sentido da racionalização desse número de processos, com a repercussão geral e a súmula vinculante”, afirmou Gilmar, que se mostrou otimista sobre a atuação do sucessor. “Estou certo de que o ministro Peluso vai conseguir avançar ainda mais no sentido da consolidação do Poder Judiciário como instituição de transformação.”

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