Tempestade que teria atingido linhas de transmissão seria responsável pelo desligamento da hidrelétrica. Apagão afetou nove estados e o Distrito Federal
Rogerio Waldrigues Galindo e Ricardo Marques de Medeiros, com agências
Uma tempestade que teria atingido linhas de transmissão de Furnas Centrais Elétricas, entre Ivaiporã, Norte do Paraná, e Tijuco Preto, no interior de São Paulo, causou um apagão em nove estados e no Distrito Federal na noite desta terça-feira (10). As linhas afetadas levavam para todo o país energia da Usina de Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu – a segunda maior do mundo. A falha ocasionou o desligamento total da hidrelétrica, responsável por 20% da energia consumida no Brasil. A partir de 22h13, o blecaute foi notado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal. A luz recomeçou a ser transmitida no início da madrugada de hoje.
O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o Paraguai também foi afetado. Por volta da 1 hora da madrugada de hoje, duas das cinco linhas de transmissão de Itaipu tinham voltado a funcionar.
Itaipu é responsável por fornecer 14 mil megawatts para o sistema elétrico nacional. O Operador Nacional do Sistema tentava descobrir também por que as usinas termoelétricas, que deveriam ter sido ativadas automaticamente para substituir Itaipu não foram capazes de resolver o problema.
De acordo com o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, em entrevista à Gazeta do Povo, uma das possibilidades era a queda de todas as linhas de transmissão da usina. “Itaipu tem cinco linhas de transmissão. Às vezes, cai uma. Mas dessa vez parece que podem ter caído todas ao mesmo tempo, por causa do vento”, disse ele.
Segundo Samek, a usina é programada para desligar as turbinas quando ocorre a queda das linhas. “Cada linha desliga a turbina correspondente. Se caírem todas, para a usina”, disse. Para o diretor, embora essa fosse uma hipótese provável, ele preferia acreditar em um problema em uma das três subestações, já que a solução seria mais simples e mais rápida.
Em entrevista à tevê, depois de falar com a Gazeta do Povo, Samek disse que o problema definitivamente não era de geração, e sim de transmissão. Também pouco depois da meia- noite, Lobão disse que Itaipu havia sido reenergizada e que faltava resolver o problema da transmissão.
Na noite desta terça, calculava-se que 800 cidades haviam sido afetadas. Em São Paulo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública convocou todos os policiais que estavam de folga para reforçar o policiamento, já que havia riscos de roubos e outros crimes.
Na capital paulista, o corte de energia pegou de surpresa quem voltava para casa. Congestionamentos se formaram pelas ruas da cidade. O comércio fechou as portas com medo de saques. Por volta da meia-noite, um sistema improvisado passou a funcionar e devolveu a luz por alguns minutos, mas logo em seguida, a escuridão voltou.
A aposentada Dalva Marques, que mora no bairro do Brás, na capital paulista, estava assistindo à televisão quando ocorreu o apagão. “Apagou a luz, mas 10 minutos voltou. Estava vendo televisão e até informaram que tinha tido o apagão. Passou mais alguns minutos e voltou a apagar. A padaria e a pizzaria que fecham mais tarde perto de casa fecharam as portas”, contou.
O estado do Rio de Janeiro foi o mais afetado. Na capital, o problema prejudicou a circulação de veículos nas principais vias da cidade, como a Linha Amarela e Avenida Brasil, devido à falta de funcionamento da sinalização. Os elevadores dos prédios também estão prejudicados pela falta de eletricidade.
Em Curitiba, a energia chegou a faltar rapidamente, mas segundo a Copel não houve maiores problemas na cidade. Alguns bairros tiveram falta de energia elétrica, mas a companhia afirmou que não houve relação com o problema nacional, e sim com vendavais na própria cidade.
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