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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Radar desligado, perigo dobrado

Gazeta do Povo, em 13/11/09

Semana que vem, equipamentos devem parar de funcionar. Desde que foram instalados, houve queda nos números de atropelamentos e acidentes com vítimas

Vinicius Boreki e Adriano Ribeiro

Com a possibilidade de desligamento dos radares na próxima semana, o trânsito de Curitiba vai se tornar um lugar menos seguro. É, pelo menos, o que indicam as estatísticas. Em 1999, último ano antes de a cidade monitorar as ruas com os equipamentos, foram registrados cerca de 1,5 mil atropelamentos e 4,7 mil acidentes com vítimas. No ano passado, ocorreram aproximadamente mil atropelamentos e 6,6 mil ocorrências com algum tipo de vítima (veja infográfico). Como houve salto de 60% na frota de veículos e de 15,6% na população da capital no mesmo período, pode-se afirmar que os radares auxiliaram a conter a violência nas ruas.
O desligamento dos equipamentos deve, inevitavelmente, repercutir no índice de acidentes. “Pode-se supor que os motoristas vão se sentir mais livres para cometer as infrações”, diz a coordenadora do Núcleo de Psi­cologia do Trânsito da Uni­versidade Federal do Paraná (UFPR), Iara Thielen. “Há probabilidade de que os problemas aumentem. O radar ajuda na travessia de pedestres e controla o próprio trânsito”, afirma a psicóloga perita em trânsito e mestre em Psicologia Maria Elaine Andrade Celeira de Lima.
As suposições se baseiam no atual comportamento dos condutores: freiam quando há radar para não exceder o limite de velocidade, mas, em seguida, voltam a acelerar. “Uma parte da população não se conscientizou da necessidade de controlar a velocidade, especialmente quem excede o limite após o equipamento”, afirma Iara. Diretora de Trânsito da Urbs, Rosângela Batistella explica que apenas 12% dos motoristas de Curitiba respondem pelo total de multas da capital. Por se tratar de um espaço de convivência coletiva, o baixo índice não diminui os riscos. “Grande parte daqueles que são multados por excesso de velocidade já cometeram essa irregularidade mais de uma vez”, diz.
Somente no primeiro semestre deste ano 285,3 mil infrações foram aplicadas na cidade. Do total, quase 102 mil (36%) se deram por excessos no acelerador. Em 2008, das 556,4 mil infrações cometidas, praticamente a metade (268 mil) se deu pelo mesmo motivo. Além desse tipo de infração, a Diretran é responsável por coibir o estacionamento irregular, o avanço do sinal vermelho, o uso irregular do celular enquanto se dirige e a falta de uso do cinto de segurança.
Os cuidados com o trânsito, em caso de desligamento dos radares, devem ser redobrados nas vias rápidas. Essas ruas concentram os excessos, motivados sobretudo por dois fatores: irresponsabilidade e distração. “Nesse tipo de rua, o condutor está sempre muito próximo da velocidade estabelecida. Como as pessoas não dirigem com o olho colado no velocímetro, acabam passando do limite estipulado”, afirma o professor de Direito do Trânsito do Centro Univer­sitário Curitiba (Unicuritiba), Marcelo Araújo. Em certos mo­­mentos, o motorista que segue a lei também pode se sentir pressionado. “Existe uma grande quantidade de pessoas andando mais rápido, o que incentiva os demais a seguirem no mesmo ritmo”, explica Araújo.
Em razão desse abuso constante, os radares se tornaram a forma mais eficiente para controlar o tráfego, segundo o professor. “Um obstáculo físico, como as lombadas, pode não ser compatível com o fluxo constante de veículos das vias rápidas”, opina. Araújo defende que o trânsito precisa fluir, mas não há necessidade de desrespeito. “O equilíbrio está em ter fluxo, mas sem excessos”, completa.
No Brasil, de maneira geral, há muitas pessoas que não compreendem o espaço coletivo. “Elas interpretam como sendo de ninguém. Por isso, desrespeitam. Só que, ao contrário do que pensam, esse espaço é de todos”, diz Maria Elaine. Também existem equívocos na concepção de cidadania. “O respeito pelo outro deve acontecer em todas as esferas da vida cotidiana. A diferença do trânsito é que as consequências são danosas, porque se trata de um ambiente onde existe o poder de matar”, afirma Iara.

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